TODAS ESSAS HISTÓRIAS SÃO REAIS
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terça-feira, 13 de março de 2007
Juventude
>>Eu corria em direção à esquina na parte mais alta da minha rua. Com o skate na mão, ia à procura do ponto perfeito para começar a descida. Estava ouvindo Gang of Four no meu ipod shufle e aquele instante trazia, junto com o vento que secava meu rosto, uma leveza de viver que a muito não sentia. Estava moleque como um skatista irresponsável e aventureiro, é: bermudão oversize abaixo do joelho, tênis Nike SB Paul Rodrigues sujos, camiseta largadona, meu velho e fedido bone Billabong, pele brilhante de suor e um sorriso que é só meu, e de tão espontâneo, sem subterfúgios.
Um carro descia a rua e parei, esperando-o passar. Do seu carro flex popular, ao me ver, tomou um susto. Era ele, finalmente! Não tremi e nem tampouco alterei a respiração. O sangue continuo no mesmo ritmo. Voltei a correr em direção à esquina. Com o pé direito bem firme sobre a prancha, embalei e desci cada vez mais rápido.
A primeira vez q nos encontramos na internet ele era casado com uma modelo da Ford Models que passava uns dias no Rio de Janeiro à trabalho. Conversamos horas sem fim naquela madrugada. Depois nos falamos ao telefone. Sem alterações, sua voz parecia soar sem esforços, verdadeira. Gamei. A segunda vez que nos cruzamos, meses depois na internet, eu lhe disse sem vascilar: minha vida é te esperar. Ele riu. A terceira vez que o encontrei foi na vida real mesmo por acaso e ele não era casado com modelo da Ford Models porra nenhuma. Era veado mesmo. Da quarta vez que nos encontramos, ele estava de bruços sobre a cama. Beijei seus pés, seu cu, suas costas, sua nuca, parei e sussurrei quase para mim mesmo: você é a maior loucura da minha vida. Nos encontramos mais vezes. Nos prometemos envelhecer juntos, mesmo nossa diferença de idade sendo tanta.
Com a mesma intensidade que entrou na minha vida, saiu. Explicou-me num sms medroso, de bicha velha irresponsável: dias de trovões. Meses depois voltou a me procurar, da forma que sempre lhe pareceu mais segura: via internet. Me pediu desculpas, depois de usar o seu costumeiro marquetingue da culpa, o qual me fazia cair muito bem. Da última vez disse-me pessoalmente: sou como um dragão que precisa viver sozinho no topo de uma montanha. Piegas, era mais uma de suas mentiras, coisa de vendedor de químicos acostumado a lidar com criaturas rudes, que manipulam máquinas e indústrias e vende cada líquido como um elixir milagroso. Vendedor, até embaixo de lençois.
Assim lhe perdoei tantas vezes. Preso a algo que eu mesmo inventei e ele, muito esperto, deu forma. Até que um dia com os punhos cheio de coragem lhe passei um e-mail antes que ele fugisse pela quinta vez. Disse-lhe que honestidade não tinha a ver com idade, mas com o que se quer. Disse-lhe também que não existia dragão nenhum, mas um grande filho da puta egoísta e de personalidade fronteiriça. Um solitário incapaz de se revelar. Que o seu sexo tinha a potência de uma ervilha e que sua masculinidade não estava no cerne, e acredito mesmo, somente estar na casca da casca.
Quando ele, revoltado, deixou à minha porta em pedacinhos todos os presentes que eu lhe dei me bateu uma tristeza esmagadora. Daquelas que nos curvamos quando sentimos uma dor de barriga miserável. Mas não era uma tristeza por ter tido aquele desfecho em farelos de vidros e restos de papel. Era uma tristeza pura, quase sem motivos, tristeza sem sentido. Eu nao pensava em nada.
Ao chegar ao fim da rua, fiz a curva. Pisei na ponta da prancha para pegar o skate no ar. Exagerei na força e perdi a chance. O skate foi ao chão. Tentei mais uma vez, não consegui. Mas antes de tentar a terceira vez, lembrei do que tinha acabado de me acontecer: meu Deus, eu sou muito jovem!
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Um comentário:
cariño ¿como no sospechaste cuando te dijo que estaba casado conuna modelo de Ford? ya mostraba signos de mentiroso compulsivo....tu,siempre seras joven amor¡
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