TODAS ESSAS HISTÓRIAS SÃO REAIS

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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Nas Alturas


>>Sentado no desktop horas depois do desolamento amoroso que tive com o ativasso da Mooca, me deparei com outro ativo. Não de um subúrbio fetiche de São Paulo, mas de Belo Horizonte, Minas Gerais. Esse acabara de chegar do feriado de carnaval e estava “num tesão maluco”, como me disse. Queria foder uma bunda de macho discreto que nem ele. Ele tinha taras por homens discretos. Estou ainda para ver homens com tara por outros afetados. Para mim dizer que curte homens discretos é como soltar um “eu odeio pernilongos”! Alguém por acaso, curte dor de cabeça? Mas, como gosto de arriscar, lá estava eu entrando naquele prédio novo e sem estilo, típico de construções baratas e pré-moldadas que abarrotaram a regiao periferica dos Jardins nestes ultimos cinco anos, perfeitos para bixas de poder aquisitivo mediano que compram em prestacoes sem fim e se iludem com a falsa ideia da sofisticacao. Ele morava no viségimo primeiro andar.

Geralmente quando nos aproximamos do momento do encontro, tendemos a ficar nervosos, ter pensamentos confusos e ágeis sobre o que nos espera. As vezes até, pensamos em dá meia volta. Nosso coração dispara, os membros do corpo tendem a agir por livre e espontânea vontade. Como os braços que não sabemos aonde deixa-los. Se metemos as mão nos bolsos e forçemos para baixo para definir o tríceps, ou se simplemente coloquemos uma das mãos na cintura e soltemos levemente um ombro para não ficar tão pôser...Nesses instantes finais, geralmente nem nos reconhecemos porque tudo em nós nos incomoda, o cabelo, a camiseta, o jeans, a pele. Até se você já aprendeu aquele truque para baixar a laringe para tirar sua voz metálica, caso a tenha, você põe-se a fazer sem parar até irritar a garganta toda. Resultado, diante da porta do novo pretê, você é quase outro e está tão exausto que nem se da conta disso, a não ser quando você constata que o outro não merecia tanta farsa assim. Mas, eu ao longo dessa década como usuario de internet, não adoto mais postura nenhuma, não penso em nada, a não ser nos meus afazeres, na minha conta bancária, na última chatisse do Ferreira Gullar, ou na capa incrível com a Gwyneth Patrol usando um Marc Jacobs incrível na W. Mas a idéia de subir vinte e tantos andares, contando com as garagens, o play ground, me causou uma certa ansiedade. Era muito tempo dentro de uma espaço tão pequeno, e ainda com um espelho gigante me fazendo acusações. Mas lá estava eu encarando isso, tentando me lembrar se era o 2102 ou o 2103. Não importava, era so mais um pretexto para não pensar na altura. Detesto altura. E tudo que me leve até ela. Odeio elevadores. Odeio ambientes fechados.

Ao passar pelo quinto percebi que realmente esqueci o número do ap e ao pegar o celular me dei conta que estava sem bateria. Pensei na possibilidade de ele está na porta me esperando também ansiosamente, ou na possibilidade de tocar no ap do vizinho e criar mais uma situação constrangedora. Mas foi passando pelo décimo terceiro que o elevador parou, parou repentinamente, apagou as luzes. Tudo estava parado. Até minhas idéias pararam. Era eu comigo mesmo, tentando manter uma postura tranquila e entender o que acontecia ali. Eram onze horas da noite e naquele prédio nada se movia. Eu não ouvia nada, nem a rua, nem os passos do zelador vindo me salvar. Em pelo menos um minuto de escuro o pânico me invadiu junto com um certa irritação. E pus-me a esmurrar aquelas paredes de metal, hora com muita força, hora muito contido com medo de chamar muita atenção. Minha idéia era apenas chamar a atenção do porteiro ou do mineiro, os únicos que sabiam de fato da minha visita. Mas, e se o cara me pegar dando gritos? E se ele me ver nervoso e descontrolado, sem nenhuma dignidade?...Comecei a não me reconhecer e então o elevador voltou a subir. Tinha apenas oito andares para me recompor e buscar o equilíbrio do exercício pratico do não tô nem aí.

Ele me recebeu de bermuda de surf. Peitinho bom, obliquos saltados, pêlos aparados. Tinha bons móveis. E quando pedi para ir até a janela para que ele me analisasse em movimento, ele prontamente me indicou e me seguiu. Aí me abraçou por trás, rapidamente me virou e me deu um beijo frio. Pegou no meu pau rápido demais para ser um ativasso. E quando fomos para o quarto deitou feito uma criança que pede para a mãe a mamadeira. Ele ficou mais lindo ainda cheio de tesão e chupava meu pau com muita delicadesa, como quem chupa um doce com receio que acabe. Então, vítima mais uma vez do meu próprio pau, adotei a postura de sempre e meti a língua em sua bunda. Ele soltava ais demais, seus olhos diminuiam a medida que eu lhe metia a lingua no cu. Até que então ele se rendeu e disse todo viadinho: me fode.

Eu fiquei preso no elevador, eu lhe disse. E ele, já meio com tédio depois de ter gozado, completou que tinha imaginado na hora da queda da energia. Eu fiquei indignado com tamanho descaso e logo avistei sobre o seu criado mudo um machintosh novinho em folha. Me veio a idéia de que tudo depende da energia das máquinas. Assim como elas facilitam elas podem atrapalhar. Não adianta enganar o instante, a realidade. Ela é quem te engana. A realidade é quem te apronta surpresas. E que na verdade onlines ou não, conectados ou nao, sempre somos a mesma coisa, por mais mentiras que contemos e desejos novos que exercitemos. Não adianta adotar tipos porque esses se desmontam diante da energia do momento, da energia do outro que se sobressai com a sua certeza de ser o qué.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

"Eu já te amo"

>>Eu o encontrei no chat e já me disse assim: sou dotado e ativasso e estou afim de meter, não sou e nem curto afeminados. E eu no meu desapego, no meu ceticismo, no meu cansaso todo que adquiri ao longo daquelas horas usando aquele chat, entendi tal informação como apenas mais uma, e lhe disse um ok rápido e simples seguido do meu número de celular.
Então qdo ele me ligou já tarde eu já estava dormindo porque nem mesmo esperava um chamado seu. Disse para vim pq estava apenas lendo e não dormindo como indicava minha voz rouca. Aí ele chegou, todo macho, meio com trapézios armados, sob uma camiseta regata preta de homem comum. Vi que seu jeans era bom e o tênis tinha uma velhice adequada. Então quando eu o vi realmente belo, quando eu realmente o olhei bem de frente, o vi raro e caí no nervosismo me precocupando com as lacunas no diálogo lacônico que se dá nesses tipos de encontro e, como sempre, pus-me a falar apressadamente, tentando falar as coisas mais interessantes possíveis ou o que eu consegueria resgatar da minha memória, ali já pertubada demais. Falei dos seus olhos e da sua aparência moura e então em Granada, minha viagem mais recente. Falei da infuência moura no sul da espanha, do calor da região e da minha fragilidade diante de temperaturas extremas. Usei essa expressão mesmo “fragilidade diante de temperaturas extremas” e coloquei uma carga de masculinidade maior na hora de falar para provar que homens machos também podem usar expressões mais elaboradas. Finalmente fomos para o quarto e disse-lhe para ficar à vontadee. Ele logo tirou toda a roupa e quando elogiei o seu corpo ele ajeitou as bordas das cuecas para contraír ainda mais os músculos e me disse como quem tentava me dizer que não ligava muito praquilo: que nada brother!

Aí deitei ao seu lado e continuei a falar de mim, mas imediatamente me dei conta que a tática estava errada e comecei a lhe perguntar coisas simples, não muito pessoais para não parecer um interrogatório gratuíto. Peguntei o que ele fazia. Mas aquele tipo, com aquele corte de cabelo, com aquela leveza não me parecia muito ter experiência em administrar a empresa da família. Então, percebi q ele não tinha se desmontado ainda e que a mentira ainda estava presente. Aí cansei um pouco e tentei apressar as coisas. Peguei no seu pau e o chupei sem vontade alguma. Era um belo pau. Grande. Mas a falta de vontade era na verdade provocada pela minha total submissão, pela minha insegurança e complexos físicos. Era quase uma agressão aquele homem todo tá ali sentindo tesão em mim. O que me levava a crer que a mentira iria até o fim, e como não gosto de mentiras tratei de acabar com ela o mais rápido possível. Aí ele gozou e eu ri e ele riu por eu tá rindo dele. Aí virei pro lado e ficamos falando sobre o que aparecia na tv, numa aparente preguiça pós gozo. Nisso ele repousou a mão sobre a minha perna delicadamente e foi nesse instante, nesse pequeno detalhe, q a mentira pareceu se diluir. E então ele foi embora.

Nos dia seguinte me ligou logo cedo. Falamos horas sobre nós no msn, falamos coisa mais íntimas e reveladoras, mostramos novas fotos, trocamos orktuts e finalmente marcamos de nos ver novamente. No domingo eu o fotografava, pegava minha câmera como quem tocava nele o mais delicado possível. Arrumei-lhe os pêlos íntimos qdo fiz um enquadramento e tive uma sensação de brincar com a coisa mais rara do mundo e então lhe dei um beijo.

No terceiro dia seu jeans bom foi substituído por uma calça saruel e o tênis bom por uma papete ruim. Rapidamente tive a impressão de ser outro. Fomos ao cinema, fomos ao teatro, passamos noites inteiras falando de tudo que queremos da vida e procurando feito adolescentes o maior número de cumplicidades possíveis. E na segunda semana, ele finalmente se revelou e disse que me amava. Ele olhava tanto nos meus olhos e insistia em repetir "eu já te amo" que era como estivesse me avisando de sua própria facilidade em me amar ou me acusando de algo que eu lhe escondia. Eu queria ter tido coragem de lhe dizer que não é isso o que me convence. Na verdade, é visívil e não fácil o que me convence. Mas não tive, e lhe respondia afirmativamente, me conhecendo bem, pois sabia que mais cedo ou mais tarde inevitavelmente eu o amaria.

Então ele sumiu. Se despediu com um sms, apareceu no msn me chamando pelo primeiro nome. Saiu com um até mais e então caí em prantos. Mas, não um pranto de quem leva um pé na bunda. Um pranto de quem sabe que está condenado às fórmulas novas dos encontros. E que essa necessidade de apressar as coisas faz parte de uma falsa esperança que parece que se veio com a internet e instalou em todos nossos âmagos: a falsa esperança de que o amor na verdade é uma invensão de cada um, e não um sentimento natural que nasce, cresce e cresce e só pode ser sentido na real. O amor é tão inteligente...e lhe disse isso tudo por e-mail já que não atendia mais minhas ligações. Ficamos numa troca de insultos estúpida e sem frutos. Ele se pôs a me agredir, de me chamar de possessivo e inseguro. E que o homem que ele buscava não poderia ter essas características “assim de cara”. Que ele, me amava sim, só que agora (dois dias depois) de um “jeito diferente”.